Origem
O topônimo Barbalha é alusivo ao nome de uma moradora de um sítio da região cuja casa servia de albergue para tropeiros de gado que traziam rebanhos de Pernambuco para passarem os períodos de estiagem na região da Chapada do Araripe. Por ser proprietária do principal ponto de apoio e hospedagem da região, tornou-se bastante conhecida por sua hospitalidade, o que contribuiu para que a localidade herdasse seu nome.
A denominação original da cidade era Freguesia do Santo Antônio de Barbalha. Em 1838 adotou-se o nome Barbalha. É a terra natal do padre Monsenhor Murilo de Sá Barreto, do advogado Hermes Carleial, dos médicos Leão Sampaio, Mozart Cardoso de Alencar e Lyrio Callou, e do geólogo e engenheiro Joaquim Francisco de Paula. Fonte: IBGE.
História
As terras localizadas às margens do Riacho Salamanca eram habitadas pelos índios Kariri, antes da chegada das entradas no interior brasileiro, durante o século XVII.
Os integrantes das entradas, militares e religiosos, mantiveram os primeiros contatos com os nativos, estudaram todas as regiões dos Cariri, catequizaram os indígenas e os agruparam em aldeamentos ou missões. Este contato entre exploradores e nativos repercutiu profundamente na formação cultural do lugar, principalmente no que tange à difusão de "entes do imaginário popular", tais como "papafigo, pai-da-mata, rasga-mortalha, almas do outro mundo, lobisomem, o diabo, entre outros".
Os resultados destes contatos e descobrimentos desencadearam notícias de que na região existiria ouro em abundância e em seguida desencadeou-se uma corrida para os sertões brasileiros, onde famílias oriundas de Portugal, sonhando com as riquezas de terras inexploradas e com a esperança de encontrar ouro. Queriam enriquecer e aumentar seu prestigio pessoal perante a corte portuguesa.
A busca do metal precioso, nas ribanceiras do Rio Salgado, trouxe para a região do Sertão do Cariri, a colonização e com consequência a doação de sesmarias, o que permitiu o surgimento de lugarejos e vilas. Deste contexto surge Barbalha, um núcleo urbano que cresce ao redor da capela de Santo Antônio fundada nas terras de Francisco Magalhães Barreto e Sá, que era parente de Mem de Sá, terceiro Governador-Geral do Brasil. De Francisco Magalhães descende a família Sá Barreto, cujos membros incluem Cid Feijó Sampaio e seu sobrinho-neto Eduardo Campos, governadores de Pernambuco, Leão Sampaio, Deputado Federal, Gregório Pereira Pinto, patriarca de Terra Nova-PE, Luiz Filgueiras Sampaio empresário, Argemiro Sampaio, prefeito de Barbalha e diversas outras personalidades de destaque no cenário regional. A cidade participou de importantes momentos da história nacional. A Revolução Pernambucana de 1817, a no Guerra de Independência do Brasil Maranhão e a Confederação do Equador tiveram a participação do Capitão-mor do Crato, o baiano José Pereira Filgueiras que residia no Sítio São Paulo, neste município, com a participação de Bárbara de Alencar e seus filhos Tristão Alencar Araripe e José Martiniano de Alencar (pai do escritor José de Alencar). Seu filho Filgueirinha também importante participação na Revolta de Pinto Madeira, em 1831. Dessas famílias descendem Antônio Correia Sampaio Filgueiras que participou da construção da Igreja do Rosário e Romão Pereira Filgueiras Sampaio prefeito de Salgueiro-PE. Importante para a história do município foi também a Casa Sampaio e a Engenho Tupinambá, da família Sá Barreto Sampaio.
As cidade, situada na Chapada do Araripe, servia como um verdadeiro oásis na paisagem árida do Sertão Nordestino e atraiu a instalação de engenhocas de rapadura, de onde baseou sua economia os primeiros séculos de sua história, no século XIX passou a abrigar alguns empreendimentos comerciais e no século XX assumiu a sua vocação no setor de serviços.
Em 1926, passaram pela cidade Lampião e seu bando, que estavam a caminho de Juazeiro do Norte para integrar o Batalhão Patriótico. Por esta ocasião conversou com líderes locais e jornalistas .
Há registros de que a cidade, ainda em seu estágio embrionário, sofreu um saque empreitado por um grupo composto por, aproximadamente, 2000 jagunços, os quais pilharam os valores que encontraram, e atearam fogo em milhares de contos de réis, causando um impacto na economia local e impedindo o crescimento do lugarzinho, que desfrutava de relativa prosperidade. Houve, ainda, um segundo saque, mas bem depois do primeiro. Desta vez, o fato se deu quando da modificação do traçado da Rede de Viação Cearense (RVC). Todavia, em 1950, a ferrovia, enfim chegou, junto com a eletricidade, vinda de Paulo Afonso, em 1961. Assim, a cidade voltou a crescer.
Os padres salvatorianos tem destacada atuação no âmbito cultural e educacional da cidade, além do religioso. Por muitos anos dirigiram o Colégio Santo Antônio e coordenam os festejos de santo padroeiro no mês de junho. Dentre os religiosos dessa congregação estão Padre Agostinho Mascarenhas, Padre Mário, Padre Renato Simoneto, dentre outros. Padre Agostinho foi, além pároco, diretor do referido colégio, conselheiro e líder espiritual animando a vida religiosa quando convidou a Comunidade Católica Shalom para criar um núcleo em Barbalha. A julgar pela quantidade de referências presentes na cidade: Biblioteca Municipal Padre Agostinho, Rua Padre Agostinho Mascarenhas, Residencial Padre Agostinho, dentre outros, padre Agostinho deixou uma marca especial na cidade. O referido religioso está enterrado na Igreja Matriz de Santo Antônio. Fonte: IBGE.
Cultura
Tida como um dos maiores celeiros de cultura popular do interior do Brasil, atrai milhares de turistas todos os anos durante os festejos do padroeiro Santo Antônio. São vários os grupos folclóricos e folguedos juninos compostos por cidadãos das diversas comunidades rurais e dos bairros da cidade. A preocupação de passar as tradições culturais de pai para filho torna a inserção de jovens nos grupos folclóricos uma prática comum do local. Os jovens são ensinados pelos “mestres” que coordenam os grupos.
Igreja de Santo Antonio - O maior festejo popular da cidade acontece no mês de junho e é alusivo ao padroeiro da cidade, Santo Antônio. A festa dura em média 15 dias e é uma das maiores festas juninas do Brasil. Além da realização da tradicional trezena religiosa em homenagem ao santo padroeiro, ocorrem os festejos sociais como a quermesse e shows de grande porte no Parque da Cidade. A festa tem início com o dia do Pau da Bandeira, tradição local com mais de 100 anos de existência. Neste dia, o primeiro da Festa de Santo Antônio, os homens devotos vão às cinco horas da manha em busca do mastro, previamente escolhido e preparado, em um sítio localizado no pé da serra há 6 km de distância do centro da cidade. Acompanhados por uma multidão de pessoas, os homens trazem o Pau da Bandeira nos ombros até a frente da Igreja Matriz de Santo Antônio para hastear a bandeira do padroeiro e simbolizar que a cidade está em festa.
Concomitante a isto, pela manhã, acontece o tradicional cortejo folclórico, onde todos os grupos da cidade se apresentam na principal rua do Centro Histórico. Durante todo o dia, até a chegada do Pau da Bandeira, milhares de pessoas se aglomeram pelas ruas do Centro histórico da cidade assistindo a shows típicos nos pólos artísticos, desfilando em blocos ou simplesmente esperando o grande momento da festa, a passagem do Pau da Bandeira até a “rua da igreja” para o seu hasteamento.
É uma festa que mescla o sagrado e o profano e encontra-se no nebuloso eixo entre ambos os conceitos, o que sempre deu certos cuidados à Igreja Católica, de forma que, no momento em que se hasteia o Pau-da-Bandeira, as portas da Igreja da Matriz encontram-se fechadas. É um detalhe bem simbólico, pois denota a preocupação da referida instituição em segregar ambos os aspectos e definir, ou, ao menos, tentar, no papel, os limites da festa .
Não é errôneo dizer que esta prática, em seu nascedouro, foi fomentada pelo Padre Ibiapina, que durante algum tempo prestou serviços de caridade à população.
A partir de então até o dia de Santo Antônio, 13 de Junho, shows e comidas típicas são encontrados na tradicional quermesse que acontece sempre após a missa, na rua da Matriz. Shows de grande porte são oferecidos à população no parque da cidade que conta também com barracas e parques de diversão.
No dia 13 de Junho acontece a procissão de Santo Antônio, que reúne milhares de pessoas vindas de todas as comunidades do município, além de cidades vizinhas. O carro andor com a imagem do padroeiro em tamanho natural é acompanhado pelas estatuas dos padroeiros das capelas de todas as comunidades e segue em cortejo pelas principais ruas da cidade.
Para produzir documentário sobre este quadro cultural, o Governo Municipal lançou em 7 de maio de 2012 edital para licitação na modalidade convite. Este procedimento cuminou com a produção do documentário "Memória dos prédios históricos de barbalha" do cineasta Rosemberg Cariry.
A Festa de Santo Antônio encontra-se em estágio final para ser tombado como Patrimônio Imaterial.
Os Penitentes
Ponto importante a se enfatizar no contexto cultural e religioso barbalhense é o Grupo dos Penitentes. Os integrantes desta manifestação religiosa se auto-flagelam (mortificação do corpo) como meio de atingir a salvação da alma após a morte. Embora o auto-flagelo seja a principal expressão que demarca esta irmandade, as penitências são mais diversificadas, incluindo longas caminhadas ao mesmo tempo em que rezam, mendicância itinerante, privações materiais, etc. Pode-se dizer que esta irmandade é uma forma de exteriorização da religião católica na Região do Cariri, já que, além de Barbalha, também aparecem em Juazeiro, por exemplo. Os Penitentes fazem parte do roteiro explorado pela Organização da Festa de Santo Antônio.
O Reisado
O Reisado é uma brincadeira, uma espécie de teatro nômade, em que um grupo de brincantes se conta uma narrativa que não tem começo ou fim e não é determinada, pois pode mudar por diversos motivos. Segundo os brincantes: "Uma viagem que vem do começo do mundo". Durante a andança, ocorrem paradas, espécies de pontos de checagem, ocasiões em que contam para aqueles ao redor, interagindo com eles, sobre o que aconteceu na viagem até o momento. Manifestação popular que junta os aspectos lúdico (cômico) e heroico (épico).Os brincantes interpretam reis, rainhas, santos ou guerreiros.
Festas locais
Cada localidade do Município tem seu padroeiro e a respectiva festa. Comumente também se hasteia um pau da bandeira. No Distrito da Arajara se homenageia a Imaculada Conceição; No Sítio Lagoa, a padroeira é Santa Luzia; No Distrito Estrela, o santo patrono é São João Batista, assim como no Brejão. Embora com as diferenças de dimensão e pequenas peculiaridades de cada localidade, os festejos tem o rito bastante parecido com o do Pau da Bandeira de Santo Antônio.
Cine teatro
O Cine Teatro Neroly Filgueira abriga diversos acontecimentos culturais, de entretenimento e, por vezes, até políticos. Em outubro de 2011, por exemplo, se deu no local a Mostra de Cinema Infantil. Já em novembro de 2012, ocorreu o Festival de Teatro Barbalha Cênica, com a apresentação de diversas peças, com grupos de teatro de diversos locais da Região do Cariri. Ademais, acontecem algumas aulas de teatro no local.
Canções em homenagem à cidade
Devido aos seus inúmeros fascínios, a bela cidadezinha interiorana ganhou homenagem de músicos de peso, que a fazem ter mais do que simplesmente um hino oficial. Quando se aproxima a época dos festejos de Santo Antônio, pode-se ouvir em cada esquina a animação popular ao embalo de duas grandes composições.
A primeira é chamada "Festa de Santo Antônio", de Luiz Gonzaga e é mais antiga. A segunda tem por nome "Linda barbalha" de Alcymar Monteiro . Ambas extrapolam os limites de simples canções, mas são hinos da identidade cultural da Barbalha e estufam o peito de seus cidadãos de orgulho. Fonte: IBGE.
Divisão Política
Inicialmente Distrito do Crato, após emancipada, constituindo-se um Município e Comarca, Barbalha goza de autonomia administrativa, política e financeira, conforme ditames da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Ainda seguindo o modelo deste mesmo diploma constitucional, conta com Poder Executivo e Legislativo, sendo as Varas Judiciais (Poder Judiciário) que abriga, Órgãos do Judiciário Estadual descentralizados com competência para decidir os litígios a eles atribuídos na forma do Código de Processo Civil Brasileiro e do Código de Divisão e Organização Judiciária do Estado do Ceará.
A administração municipal localiza-se na sede: Barbalha. No âmbito do Poder Executivo, tem-se como chefe o Prefeito, que atua em seu Gabinete. Ao escopo de auxiliá-lo em sua gestão e no trato de assuntos mais específicos, foram instituídas as Secretarias. Eis as secretarias que integram o Poder Executivo do Município de Barbalha: Secretaria de Obras, Secretaria de Cultura e Turismo, Secretaria de Educação, Secretaria de Saúde, Departamento Municipal de Trânsito (status de secretaria, como se verá em tópico específico), Secretaria de Agricultura, Secretaria de Finanças, Secretaria de Infra-estrutura, Secretaria de Juventude e Esporte, Secretaria de Meio Ambiente e Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social.
A Câmara Municipal era composta por 10 vereadores até a legislatura de 2009/2012, todavia este número foi aumentado para 15 em 20 de junho de 2011, através da Emenda à Lei Orgânica n° 004/2011, sendo que esta regra começou a valer do ano de 2013, quando assumiram os vereadores escolhidos nas eleições municipais de 2012. A sede do Poder Legislativo municipal é o Palácio Luiz Filgueira Sampaio localizado à Rua 7 de Setembro.
O Poder Judiciário conta com três varas judiciais não especializadas, além do cartório eleitoral, que têm sede no Fórum Dr. Rotsenaidil Duarte Fernandes Távora localizado à Rua Zuca Sampaio.
Barbalha corresponde à 31ª zona eleitoral do Ceará, e conta com aproximadamente 125 seções eleitorais. Fonte; IBGE.